sexta-feira, 22 de março de 2013

A menina na quadra de casa

Nada como chegar em casa a pé, tirar a roupa e ficar de cueca curtindo a noite tranquila.

Merda, acabei de lembrar que esqueci meus óculos no carro.

Aconteceu agora há pouco, quinta-feira a noite, São Paulo, eu estava descendo a Augusta desde o posto ALE, na Peixoto Gomide. Na verdade estávamos no Corujão, um boteco bem estilo augusta (simples, sujo e com Brahma a 7 reais), aonde você senta nas mesas ao longo da calçada e tem que ficar atento para os momentos em que o garçom põe o nariz pra fora do bar e dá uma olhada pros lados - é aí que você consegue chamar ele e pedir mais cerveja (de longe, claro, ele não vai andar até sua mesa pra perguntar o que você quer, o sinal é levantar a garrafa vazia).

Bom, estávamos lá há uma meia hora atrás e aí nos despedimos e eu comecei a andar pra casa, descendo a querida-suja-famosa-hipster-obscena augusta. Passei por várias meninas e na última quadra uma delas - bem bonita, vestida estilo brasileira urbana verão: calça jeans apertada, blusinha amarrada na barriga, cinto e algum tipo de calçado - veio diretamente até mim e me segurou delicadamente no braço. As mãos eram ásperas e seguravam firme mas delicadamente. Em uma cena que durou no máximo 5 segundos, ela começou a perguntar se eu queria ela, se eu gostava de mulher, se eu era gay, ao que eu informei que não, sorrindo mas tentando me desvencilhar de uma forma delicada e rápida, ao que em seguida ela disse que tinha sido operada, como que argumentando para que eu ficasse com ela. Admito que me pegou de surpresa - com mais alguns segundos talvez eu tivesse duvidado de uma mão firme e áspera - mas ela era realmente feminina e realmente gostosa e bonita inclusive.
Em seguida ela já me largou e seguimos nossos caminhos.

A questão é que o episódio todo me deixou uma sensação boa, cheguei em casa 2 minutos depois com um sentimento bom no coração. Sei que parece ridículo, mas pra falar a verdade a prostituição em si nunca me incomodou, talvez por ter presenciado tanto nos bairros em que morei em SP (butantã e na augusta), mas também por achar algo natural da sociedade, algo que tem que ser encarado com leveza, naturalidade. Tirando isso, a forma carinhosa e até divertida com que ela tentou me chamar a atenção, sem insistir demais, e as perguntas totalmente diretas e ausentes de preconceito que ela fez, me trouxeram leveza. Eu gostaria de ajudar essa moça, eu quis sorrir pra ela, eu queria sentar pra conversar com ela.

Mas aí foi só isso mesmo e eu achei curioso.

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