terça-feira, 1 de setembro de 2009

Argumento com uso dramático do espaço

Domingo. Um velho, Pedro, está no Jóquei Clube de São Paulo olhando os cavalos concorrentes do próximo páreo no folheto. Ele faz suas especulações primárias e então é a hora sagrada de ir para as arquibancadas e olhar ao vivo para os cavalos no desfile, antes da corrida. Esse momento sempre pôde mudar todo o seu palpite para o vencedor. Mas dessa vez, olhou para o cavalo número 6 e teve a confirmação que precisava. Leve, esguio, potente. Desceu até a grade para olhar de perto e contemplar todos os cavalos e seus jóqueis por mais um tempo enquanto eles se dirigiam para a largada. Definitivamente era o 6. Faltavam 2 minutos para o tiro, tudo bem, era só ir aos guichês e apostar 50 reais no 6. Estava pagando 4,4, ou seja, contando que iriam apostar nele durante a corrida, sairia com uns 200 talvez. Virou ansioso para subir a arquibancada até o guichê de aposta e, no primeiro degrau, travou. A coluna deu uma fisgada horrível na região lombar e Pedro foi obrigado a parar. Não conseguiu se mover e a largada foi dada. Os cavalos suavam na pista e ele suava tentando alcançar o guichê. Um velho de óculos fundo de garrafa o olhava indiferente de trás do vidro lá em cima. Todos olhavam para os cavalos, excitados, e ninguém o percebeu naquela posição esquisita, de costas para a pista. Acompanhava a corrida por aquele telão horrível e viu seu cavalo cruzar a linha de chegada dois corpos a frente do segundo colocado. O favorito ficara entre os últimos.


Me desculpem, mas dos últimos 10 livros que eu li 9 eram bukowski. e não é modo de dizer, são os números, então não tenho muito para onde fugir.

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